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Ponte Hercílio Luz continua com risco de cair

Desde 1982 em reforma, a Ponte Hercílio Luz, em Florianópolis, já custou R$ 563,5 milhões aos cofres públicos, informou o Ministério Público de Contas de Santa Catarina (MPTC). Conforme o órgão, com o valor seria possível fazer três pontes estaiadas, nos moldes da inaugurada em Laguna, no Sul catarinense, para substituir a estrutura. 
Inaugurada em 13 de maio de 1926, a ponte foi a única ligação entre a Ilha de Santa Catarina e a parte continental de Florianópolis até 1975, quando foi concluída a obra da ponte Colombo Salles. A Hercílio Luz foi interditada pela primeira vez devido a problemas estruturais em 22 de janeiro de 1982. Em março de 1988, foi reaberta para motocicletas, bicicletas, veículos de tração animal e pedestres. Foi novamente interditada em 4 de julho de 1991, não mais reaberta.

“É o exemplo do que não deve ser feito em aplicação de recursos públicos. Uma mensagem de irresponsabilidade ”, disse o procurador do MPTC Diogo Ringemberg. Durante os últimos seis meses, o órgão investigou como o governo do estado aplicou o dinheiro da restauração em 30 anos de reforma. 

O relatório também solicita a devolução do dinheiro, responsabilizando 11 governadores e vários secretários do estado envolvidos em etapas da reforma. O documento de 45 páginas foi enviado ao Ministério Público de Santa Catarina nesta terça-feira (29). Conforme a comunicação do órgão, o relatório será inserido a um inquérito civil já aberto pela 26ª Promotoria de Justiça. Não há prazo de conclusão dos trabalhos.
Além do alto investimento, o MPTC conclui sobre os riscos estruturais da ponte. Em nota, o governo do estado apenas informou que "o cronograma de obras da Ponte Hercílio Luz está sendo cumprido". 

A empresa Empa, do grupo portuguêsTeixeira Duarte, realiza atualmente as obras de sustentação da estrutura, chamada ponte segura. Entretanto, ainda não há um contrato firmado com uma construtora que realizará a restauração da parte superior da Ponte Hercílio Luz.

Gastos


“Esses valores foram obtidos através de contratos firmados pelo governo do estado e que tinham como objeto a manutenção, a revitalização da Ponte Hercílio Luz. Ele provavelmente é um valor conservador, é muito provável  que o dano efetivo seja superior a isso”, completa o procurador Ringemberg. 

Conforme o documento, entre 1882 e 1889, foram gastos quase R$ 50 milhões na reforma. Já entre 1990 e 2015, foram investidos R$ 180 milhões, divididos em 16 contratos de revitalização. Só entre 2006 e 2008, o governo do estado gastou quase R$ 100 milhões de reais.

Em 2013, também houve um  convênio firmado com o BNDES, na ordem de R$ 150 milhões. Somente pela Lei Rouanet, foram captados mais R$ 64 milhões para a reforma da estrutura.


O MPTC também fez uma conta do impacto econômico da ponte fechada. Entre 2010 e 2020, ele é de R$ 118 milhões. "Nós não tínhamos base de dados muito confiáveis no período anterior a 2010, além disso, a partir de 2010 é que esse trajeto da parte insular do município para a parte continental  tornou-se extremamente problemático", explicou o procurador sobre porque não foi feita a conta para os 28 primeiros anos de trânsito interrompido.

Risco de cair

Em outubro de 1982, a empresa que construiu a ponte já pedia para o governo do estado monitorar ventos fortes “para proteger vidas e propriedades”. 

Já em março de 2014, o consórcio então responsável pela ponte, Espaço Aberto,  disse que “a cada dia, a cada mês que passa, a situação dela [ponte] vai ficando cada vez mais precária, por falta de manutenção”.

Outro engenheiro que acompanhou as revitalizações, Honorato Tomelin, chegou a declarar que a ponte não caia de “teimosa”. 


“Efetivamente nós tivemos o comprometimento de um grande investimento do dinheiro público para resultado praticamente nenhum”, conclui o procurador. 

crédito: G1 SC
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